A transição ecológica necessita de segurança do gás. A montagem Proxigas

A transição ecológica necessita de segurança do gás. A montagem Proxigas

Quem esteve presente e o que foi dito na reunião pública da Proxigas, associação italiana do setor do gás

Decorreu hoje a reunião pública da Proxigas, a associação de referência no setor do gás, que reúne tanto as empresas que atuam na atividade de importação e venda nos mercados como as que atuam na gestão de infraestruturas de transporte, armazenamento, regaseificação e distribuição. As grandes transformações em curso, induzidas também pelas crises dos últimos anos, tornam necessário identificar novos equilíbrios entre a necessidade de atingir os objectivos ambientais e a de garantir a sustentabilidade económica e a segurança do abastecimento para acompanhar os consumidores, não apenas os europeus, em direcção a modelos mais sustentável.

A ASSEMBLÉIA PÚBLICA DE PROXIGAS

A centralidade do gás no sistema energético, os desafios que o aguardam para continuar a acompanhar o desenvolvimento do país, os reflexos das tensões geopolíticas e outras incertezas permanentes foram os temas sobre os quais discutiram os principais intervenientes do sector em Itália. Uma mesa redonda com a presença do Ministro do Meio Ambiente e Segurança Energética, Gilberto Pichetto Fratin, do Ministro de Negócios e Made in Italy, Adolfo Urso, do presidente da Arera, Stefano Besseghini, do diretor geral de Recursos Naturais da Eni, Guido Brusco, o CEO da Italgas, Paolo Gallo, o presidente da Federacciai, Antonio Gozzi, o diretor da Enel Italia, Nicola Lanzetta, o CEO da Edison, Nicola Monti, o CEO da Snam, Stefano Venier, e o presidente da Assocarta, Lorenzo Poli.

SIGNORETTO (PROXIGAS): INVESTINDO NA DESCARBONIZAÇÃO

“Ao longo do último ano, as instituições e operadores do sistema de gás conseguiram gerir uma situação certamente complexa e a Itália está agora bem preparada para enfrentar o próximo inverno”, declarou o presidente da Proxigas, Cristian Signoretto. “No entanto – acrescentou – existem elementos de incerteza, de tensões geopolíticas, da disponibilidade real de infra-estruturas de abastecimento e da variabilidade do consumo devido ao clima invernal, que podem em qualquer caso determinar situações de volatilidade, considerando também que importamos quase a totalidade o gás que consumimos. É necessário proteger ainda mais o sistema e investir na sua descarbonização. Para tal, é necessário aumentar a oferta de gás no mercado; reforçar as infraestruturas para tornar o nosso sistema de abastecimento mais flexível e diversificado, também para acomodar os gases verdes, e reforçar o papel do armazenamento. Só assim poderemos alcançar uma estabilização dos preços em níveis sustentáveis ​​para o sistema produtivo e para as famílias e, ao mesmo tempo, permitir o desenvolvimento de fontes de energia renováveis ​​e a eliminação progressiva do carvão, através da redução das emissões do setor energético”.

“Nos primeiros nove meses de 2023 em Itália, o gás russo via gasoduto valia apenas 5% da procura, em comparação com o crescimento do GNL. Hoje o GNL representa 25% das importações italianas; na Europa 39 por cento. O papel crescente do gás natural liquefeito permite uma maior diversificação dos fornecimentos, mas ao mesmo tempo expõe a Itália e a Europa a uma maior volatilidade de preços porque o GNL é afetado pela concorrência global, em particular com a Ásia". Assim o presidente da Proxigas, Cristian Signoretto, na reunião pública da associação. “Hoje em Itália o preço do gás ronda os 50 euros por megawatt hora. Espera-se que a volatilidade dos preços permaneça nos próximos 2 a 3 anos”, acrescentou Signoretto.

BUCCI (PROXIGAS): EM 2022 A ITÁLIA SERÁ O QUINTO PAÍS IMPORTADOR DE GÁS DO MUNDO

“Queríamos aproveitar a nossa assembleia anual para chamar a atenção para a necessidade de fazer mais, como Europa e como Itália, para construir um fornecimento global de energia sustentável capaz de satisfazer uma procura global crescente, devido ao aumento demográfico e ao desenvolvimento económico”, explicou Marta Bucci, diretora geral da Proxigas, que acrescentou: “é urgente reduzir a utilização dos combustíveis mais poluentes – carvão e petróleo -, que hoje ainda são as fontes de energia mais utilizadas a nível mundial. Infelizmente, as previsões sobre o crescimento das emissões, mesmo as recentes do relatório do IPCC, não são reconfortantes: a Europa não pode apenas apoiar a sua própria transição energética, mas também, para não frustrar os esforços económicos e sociais em curso, deve adoptar uma governança que direcione o crescimento sustentável globalmente. Para o gás devemos promover o desenvolvimento de reservas para evitar situações de desequilíbrio entre a oferta e a procura no mercado global que conduzam a uma maior utilização do carvão e, portanto, a um novo aumento das emissões, como infelizmente observámos durante 2022”.

“A produção global de gás – continuou o CEO da Proxigas – passou de cerca de 3.000 mil milhões de metros cúbicos em 2010 para mais de 4.000 mil milhões de metros cúbicos em 2022, enquanto a União Europeia reduziu a produção de gás de 127 mil milhões/m3 para 41 mil milhões/m3. A UE, porém, viu o consumo de gás crescer de 2015 para 2021, registando uma redução de 12% em 2022. O facto foi explicado por Marta Bucci, diretora geral da Proxigas, na reunião pública da associação. “Em 2022 – acrescentou Bucci – o nosso país consumirá 70 mil milhões de metros cúbicos de gás, dependendo das importações em 96%, em comparação com uma produção interna de 3 mil milhões. No ano passado, o gás representou 38% do mix energético e a Itália foi o quinto país importador de gás do mundo, com 69 mil milhões de metros cúbicos”.

MINISTRO URSO: APOIA INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES E DISTRIBUIÇÃO

“O gás é um recurso central para o sistema energético nacional e europeu, também na expectativa de substituir o consumo fóssil em processos industriais não eletrificáveis. A Itália tem um dos sistemas de gás mais interligados da Europa, uma posição estratégica que nos permite aceder aos recursos do Norte de África e do Azerbaijão, além de ter regaseificadores e um dos sistemas de armazenamento mais flexíveis do continente.” O ministro dos Negócios e do Made in Italy, Adolfo Urso, disse isso na assembleia da Proxigas.

“Para aumentar a nossa segurança energética – acrescentou Urso – devemos continuar a apoiar investimentos em infraestruturas de transporte e distribuição, bem como apoiar a produção de gás verde. O governo está empenhado em apoiar o tecido produtivo no processo de descarbonização dos seus processos através de ferramentas específicas de apoio aos investimentos. A competitividade do tecido industrial do país será jogada na sustentabilidade dos custos das matérias-primas e da energia e na capacidade de inovar e investir em novas tecnologias funcionais à dupla transição, verde e digital”, concluiu o ministro.

BESSEGHINI (ARERA): DEFINA AS FERRAMENTAS PARA O FIM DO MERCADO PROTEGIDO

“Somos uma península projetada no Mediterrâneo, mas não somos as únicas entidades com ambições de controlar as trajetórias de fluxo de gás e matérias-primas energéticas”. Stefano Besseghini, presidente da Arera, disse isso na assembleia da Proxigas. Besseghini referiu-se ao plano do governo de criar um centro de gás em Itália, e disse que “devemos estar conscientes” do facto de que existem outras potências médias interessadas em tornar-se um centro energético regional. “Além de dizer que podemos ser um centro de gás, precisamos das ferramentas para podermos fazê-lo.” O presidente da Arera acrescentou que “a Itália pode discutir esta ambição com a União Europeia”.

À margem, Besseghini explicou que “é importante definir as ferramentas com rapidez suficiente para acompanhar os clientes vulneráveis ​​até ao fim do mercado protegido, através das várias etapas que previmos”. Trabalhamos muito no atendimento ao consumidor, tentamos fornecer informações da forma mais completa possível, mas obviamente será um processo complexo.”

EMISSÕES DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

O último relatório do IPCC das Nações Unidas mostra que, até à data, a trajetória de descarbonização ainda está, infelizmente, longe da meta definida pelos acordos de Paris. Hoje, no mundo, os combustíveis fósseis com maiores emissões – carvão e petróleo – são os recursos mais utilizados no mix energético e na geração de eletricidade. A Europa e a Itália estão mais adiantadas no caminho da transição e têm cabazes energéticos mais virtuosos: a Europa contribui com 8% do total das emissões responsáveis ​​pelas alterações climáticas, o nosso país com menos de 1%, também graças à maior utilização do gás, o combustível fóssil mais sustentável.

BRUSCO (ENI): TEREMOS INCERTEZAS NO MERCADO DE GÁS ATÉ O FINAL DA DÉCADA

“A incerteza – declarou o diretor geral de Recursos Naturais da Eni, Guido Brusco – existirá até ao final da década, quando maiores quantidades de GNL dos EUA e do Qatar chegarem ao nosso mercado. O aumento da procura enviou-nos um sinal ainda antes da pandemia, e a situação foi então agravada pela guerra na Ucrânia. Na Europa, encontrámo-nos sem produção de energia interna, estávamos altamente expostos e o gás era o recurso a que recorrer. Tivemos que nos equipar e, tal como a Eni, utilizámos 2 alavancas: gás através de condutas com acordos na Argélia e novos contratos de GNL no Congo e Moçambique. Será também necessário dotar a Itália de infra-estruturas. O mix de armazenamento, infraestrutura e disponibilidade de gás é o que nos permitirá garantir a segurança, a sustentabilidade dos preços e a transição energética.”

MONTI (EDISON): VAMOS PARA A VARIABILIDADE PARA 30% DOS VOLUMES DE GÁS

O CEO da Edison, Nicola Monti, explicou que “nos deparamos com uma variabilidade de até 30% dos volumes. Precisamos de ter a capacidade de atrair gás que possa ser direccionado para outros mercados que não o de origem. Ter armazenamento e infraestrutura não basta para garantir o abastecimento, precisamos ter um aumento na disponibilidade de gás e, para isso, são necessários investimentos importantes”.

LANZETTA (ENEL): UM QUARTO REGASIFICADOR É ESSENCIAL

“Quanto mais você consegue diversificar, menos dependente você fica da chantagem dos fornecedores de gás”, afirmou o diretor da Enel Itália, Nicola Lanzetta, que acrescentou: “além dos navios, o projeto do quarto regaseificador é fundamental, o que é importante e definitivo para diversificar a oferta. É uma infraestrutura estratégica que pode representar um seguro, garantiria 8 mil milhões de metros cúbicos de gás. O gás é o instrumento mais saudável, por isso os regaseificadores são essenciais."

VENIER (SNAM): A PLANTA DE REGASIFICAÇÃO DE RAVENNA ESTARÁ PRONTA EM 2025

Segundo o CEO da Snam, Stefano Venier, “a situação do terminal de regaseificação de Ravenna é mais complexa do que a de Piombino. Até o momento estamos com 25% do andamento das obras do gasoduto em terra e 10% das obras no mar. Prevemos concluí-las até ao final de 2024, para disponibilizar o regaseificador a partir de 2025. Esta central dar-nos-á 14 mil milhões de metros cúbicos de gás para um lado de Itália e outros 14 mil milhões para o outro lado, e nós garantirá 40% do gás disponível através de GNL e 60% através de gasoduto. Desta forma, a Itália terá 5 oleodutos em 5 áreas de produção diferentes, pelo que teremos uma diversificação significativa."

GALLO (ITALGAS): A REDE DE GÁS DEVE SE TRANSFORMAR

Para o CEO da Italgas, Paolo Gallo, “para atingir os objetivos da transição ecológica, a neutralidade tecnológica e a diversificação da matriz energética são fundamentais. O biometano, o hidrogénio e os gases sintéticos podem ser o futuro da molécula verde, mas para isso o papel da distribuição de gás é central. A rede deve se transformar e tornar-se flexível e digital, e a Italgas vem trilhando esse caminho há anos. Precisamos promover a produção de biometano, e o recente acordo que assinamos com a Coldiretti foi criado justamente para atingir esse objetivo.”

GOZZI (FEDERACCIAI): ATÉ 2030 QUEREMOS PRODUZIR AÇO TOTALMENTE VERDE

“A Itália – disse o presidente da Federacciai, Antonio Gozzi – é o único país europeu onde 80% da produção de gás é obtida com fornos elétricos. Até 2030 queremos ser os primeiros a produzir aço totalmente verde. Para tal, precisamos de nos concentrar na energia nuclear a longo prazo, enquanto a curto e médio prazo o gás tem uma função estratégica e, neste sentido, a CAC pode ajudar”.

POLI (PAPEL): A INDÚSTRIA DE PAPEL CONSOME 2,5 BILHÕES DE METROS CÚBICOS DE GÁS POR ANO

“O setor de papel é um setor difícil de abater. É o setor que mais consome gás de todos, 2,5 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano, porque através do gás criamos o vapor necessário para secar o papel”. Assim o presidente da Assocarta, Lorenzo Poli. “Nos últimos anos, graças ao gás construímos uma cadeia de abastecimento de papel que se tornou a segunda da Europa em termos de produção. A indústria papeleira – acrescentou Poli – funciona 95% com gás e utiliza a autoprodução com aumento da cogeração, também graças às regulamentações dos anos anteriores. No futuro avaliaremos a CAC e a utilização do biometano, porque o gás provavelmente ainda será fundamental no nosso setor em 2050”.

MINISTRO PICHETTO FRATIN: CONTINUAR NO CAMINHO DA DESCARBONIZAÇÃO

Na conclusão da reunião pública da Proxigas, o Ministro do Meio Ambiente e Segurança Energética, Gilberto Pichetto Fratin, falou: “devemos caminhar para a descarbonização, mas não porque a parcela global de 0,8% das emissões mudará o destino do mundo, mas também para torná-lo motivo de crescimento económico e de desenvolvimento produtivo e industrial. É por isso que devemos avançar nesta direção."


Esta é uma tradução automática de uma publicação publicada em Start Magazine na URL https://www.startmag.it/energia/proxigas-assemblea-pubblica-novembre-2023/ em Mon, 20 Nov 2023 16:31:41 +0000.