A tensão entre os EUA e a China, outrora parceiros comerciais próximos, tornou-se recentemente palpável. Gina Raimondo, secretária do Comércio dos EUA, não mediu palavras durante a sua recente viagem à China, sublinhando que as empresas americanas estão a perder a paciência com o gigante asiático.
A realidade: as empresas americanas desejam previsibilidade e um mercado justo, mas as recentes ações da China sugerem o contrário.
Condições de concorrência equitativas: mais do que apenas um pedido
Num mundo onde o comércio e as economias globais estão interligados, é imperativo que as empresas operem em ambientes previsíveis. Historicamente, os Estados Unidos e a China dominaram conjuntamente o comércio global.
No entanto, as coisas tomaram um rumo drástico. Hoje em dia, os Estados Unidos encontram mais valor no comércio com vizinhos próximos como o Canadá e o México, enquanto a China se inclina mais para o Sudeste Asiático.
A viagem de Raimondo à China foi marcada por uma mensagem clara: a necessidade de respeito mútuo e correção nas práticas empresariais.
Embora reconhecendo algumas medidas louváveis do governo chinês, Raimondo expressou preocupação pelo facto de as actividades no terreno da China muitas vezes ficarem aquém das promessas.
Tal disparidade não é um bom presságio para as empresas internacionais que procuram aumentar a sua presença na região.
Os desafios emergentes e a sombra da desconfiança
Não é apenas uma questão de retórica. Raimondo destacou os verdadeiros desafios que as empresas americanas enfrentam na China. Desde multas aparentemente arbitrárias até incursões comerciais repentinas e alterações perturbadoras nas leis de contra-espionagem, o caminho parece repleto de imprevisibilidade.
Esta falta de transparência, combinada com o incidente em que o e-mail de Raimondo foi alegadamente pirateado antes da sua viagem, lança uma sombra iminente sobre a confiança mútua entre as nações.
Embora as autoridades chinesas tenham considerado o incidente de hacking não intencional, ele ressaltou um problema maior. A confiança é fundamental para as relações internacionais, especialmente no comércio.
Através de actos que minam esta confiança, a China corre o risco de prejudicar não só a sua reputação, mas também as suas perspectivas económicas a longo prazo com nações poderosas como os Estados Unidos.
Uma economia no limite?
Gina Raimondo também não hesitou em comentar as atuais dificuldades económicas da China. Acima de tudo, a turbulência no mercado imobiliário da China está no centro das atenções globais, exemplificada pela crise da dívida que rodeia a empresa imobiliária Country Garden.
Dada a gigantesca contribuição do sector imobiliário para a economia chinesa, os desafios nesta área poderão levar a mais problemas económicos para a nação.
Raimondo comentou incisivamente sobre a mudança no cenário económico da China. Ela acredita que a China prosperou mais quando a sua economia era transparente e tendia para uma abordagem orientada para o mercado.
A tendência actual para se tornar mais arbitrária na aplicação dos regulamentos apenas agrava os desafios económicos.
Em conclusão, o fosso crescente entre os EUA e a China, tanto a nível económico como em termos de confiança, está a tornar-se evidente. Como nações que outrora defenderam juntas o comércio global, o cenário atual oferece uma história de advertência.
É uma situação que exige introspecção, abertura e, acima de tudo, um compromisso partilhado com o crescimento e o respeito mútuos. Só o tempo dirá se ambas as nações conseguirão articular-se e recalibrar para melhor.