Redes Tim e Fibra Aberta: o que fazer?

Redes Tim e Fibra Aberta: o que fazer?

Tim, Open Fiber e muito mais. fatos, números e cenários sobre redes. O discurso de Francesco Vatalaro, professor catedrático de Telecomunicações da Universidade de Roma Tor Vergata

Já se passaram os primeiros cem dias do novo governo, os da tradicional "lua de mel". Do ponto de vista das telecomunicações, infelizmente, ainda não é visível a esperada e desejável mudança de ritmo. Claro que o legado deixado pelos governos políticos e técnicos do passado, pelo menos desde meados da década passada, é muito pesado, mas até agora tem-se a desagradável impressão de que faltam ideias e que continuamos cansados ​​com os velhos e inconclusivos prática de “mesas, mesas e bancas” (copyright: Vito Gamberale, ano: 2011).

Dado que as receitas do passado não só falharam como sistematicamente agravaram o quadro global, agora próximo da catástrofe do sistema empresarial (como num perverso efeito dominó, a crise é agora sistémica e expandiu-se da Telecom Italia, para a Open Fibra, e gradualmente a todos os operadores alternativos), a questão de fundo é: o que fazer? Nesses casos, é preciso rebobinar a fita, jogar fora os velhos preconceitos e recomeçar com novas ideias e com coragem.

Vamos tentar sem muitas pretensões alinhar alguns dos principais aspectos que devem ser examinados, esclarecendo desde já que tanto os factores europeus como os nacionais estão na raiz dos problemas e que não pode ser suficiente abordar estes últimos sem pelo menos ter em conta a importância do primeiro.

OS PROBLEMAS CRÔNICOS DAS TELECOMUNICAÇÕES EUROPEIAS

O tão apregoado papel estratégico das telecomunicações na sociedade europeia não se reflecte no desempenho do mercado. As receitas das principais empresas de telecomunicações geralmente indicam que, como indústria, as telecomunicações estão tendo um desempenho muito inferior ao do mercado.

A Figura 1 mostra a comparação entre os retornos médios do mercado e os retornos do setor de telecomunicações na Europa com base no índice STOXX nos últimos oito anos (2014-2022): pode-se observar que as telecomunicações europeias não apenas permaneceram sempre abaixo do valores médios, mas também que o intervalo cresce com o tempo; no período considerado, o valor médio de mercado das telecomunicações na Europa diminuiu 24%.

Figura 1: Comparação entre os retornos médios do mercado e os retornos do setor de telecomunicações na Europa. (Fonte: R. Zhohov, S. Sachin, "Addressing Disruptive Technology Trends in Telecom Market with Business Model Innovation", 2022)

Indicadores como o valor bolsista médio de longo prazo estão entre os mais significativos e robustos em um caso como o examinado de empresas que operam em regime regulado, como as do setor de telecomunicações. Por outro lado, são amplamente confirmados por outros índices macroeconómicos, como por exemplo a rentabilidade do investimento em telecomunicações que, comparada com a taxa de desconto média do mercado, mostra que até 2010 ainda era conveniente investir em telecomunicações; desde aquela data, no entanto, a situação mudou drasticamente, conforme documentado pelas pesquisas da alta finança (ver Credit Suisse, Telecommunications & Media – Winners and Loosers in a Converging Landscape, 2022).

Uma desvalorização cumulativa do sistema empresarial, como a que agora se manifesta de forma constante na Europa, a retirada de capital dos operadores europeus, que têm de pagar cada vez mais pelos seus investimentos em infra-estruturas, num sector rigorosamente regulado que devem, pelo contrário, garantir certezas a médio-longo prazo, são sinais claros de sofrimento, fenómeno que, pelo contrário, não é evidente no caso dos EUA.

Portanto, é errado acreditar que o declínio das telecomunicações italianas tenha raízes (apenas) nacionais. Todos os principais operadores europeus sofrem há cerca de dez anos com a situação desfavorável do mercado, com consequências também na comparação com os seus pares internacionais. Este não é um aspecto desprezível num mercado global como o das telecomunicações que não pode esperar prosperar fechando-se nas fronteiras nacionais mas que, pelo contrário, se não for virtuoso, recua na concorrência geoestratégica e, portanto, também corre o risco de perder a necessária autonomia dentro das mesmas fronteiras nacionais.

Vamos tentar entender melhor este aspecto em comparação com os respectivos players americanos através de um exemplo envolvendo a evolução do mercado da principal operadora européia, a Deutsche Telekom (DT), que já há algum tempo entendeu que para sobreviver em um mercado asfixiado como o europeu devia estar aberto ao confronto diretamente nos Estados Unidos.

Figura 2: Capitalização bolsista da DT, média dos sete principais operadores europeus por capitalização bolsista (excluindo DT) e T Mobile US (controlada pela DT). Fonte: Elaboração do autor em https://companiesmarketcap.com/

Conforme mostrado na Figura 2, no período de dois anos 2001-2022, o valor na Bolsa de Valores da DT flutuou, mas manteve-se essencialmente em torno de ~ $ 80 bilhões. Na primeira década, a capitalização bolsista média dos primeiros operadores europeus[2], embora pequena em comparação com a DT, seguia de perto a sua tendência flutuante.

Na década de 2010, o valor médio na Bolsa de Valores diminuiu significativamente de forma contínua. Em 2013 a capitalização média era de US$ 62 bilhões e em 2022, após dez anos, caiu 3,4 vezes, para US$ 18 bilhões. A pergunta que temos que nos fazer é: por que a DT segurou enquanto as outras operadoras em média caíram muito de valor?

De fato, em 2013 a DT capitalizou US$ 76 bilhões e em 2022 capitalizou US$ 85 bilhões, 10% a mais. Na década de 2010, a DT detinha em virtude dos dividendos garantidos pela participação majoritária (~ 50%) na T Mobile US, fundada pela DT no início dos anos 2000, que nos últimos anos se tornou a primeira operadora nos Estados Unidos. Com 120 milhões de clientes, a T Mobile US ultrapassou a AT&T e a Verizon, as tradicionais gigantes das telecomunicações nos EUA, que agora atendem a cerca de 100 milhões de clientes cada uma. É evidente que o regulador americano FCC permite essas dinâmicas, também por meio da ferramenta de consolidações societárias.

Assim, a DT resistiu em virtude do incrível crescimento da subsidiária DT Mobile US: conseguiu assim evitar o triste destino de todas as principais operadoras europeias. Sem uma correcção do regulamento, as empresas europeias de telecomunicações estão destinadas a tornarem-se irrelevantes no panorama internacional e nenhuma intervenção nacional, por mais bem pensada que seja, poderá dar os resultados esperados.

A revisão urgente, em conjunto com a Comissão Europeia, do corpus das regras das telecomunicações – tanto setoriais quanto antitruste – não é apenas do interesse da Itália, mas seria uma tarefa estratégica para toda a União. Este seria um exemplo significativo de uma revisão da política europeia a ser implementada num espírito construtivo também em estreita colaboração com os outros Estados-Membros.

OS ERROS DOS GOVERNOS ITALIANOS

Atendendo ao quadro regulamentar europeu que penaliza as telecomunicações, é indiscutível que a situação nacional é agravada por fatores locais alicerçados em escolhas erradas feitas ao longo da última década.

De facto, num quadro europeu já bastante problemático, a Itália representa uma singularidade: a primeira década que se seguiu à liberalização das telecomunicações (1997-2006) caracterizou-se pelo esbanjamento de um património industrial que tinha levado as telecomunicações italianas a destacarem-se no mundo palco com presença em todos os continentes. Até agora, ninguém nega os erros do Governo Prodi I (1996 -1998) no mecanismo de privatização do Grupo Telecom que levou a várias trocas de mãos entre empresários em poucos anos também por falta de regulamentação e fiscalização do Consob o que permitia, em caso algum, até quitar as dívidas contraídas pelo comprador para a empresa subsidiária. Em poucos anos como campeã internacional, a Telecom Italia assumiu uma dívida substancial e começou a vender suas subsidiárias reduzindo seu perímetro. Assim chegamos a 2006 quando o Governo Prodi II (2006-2008) intervém pedindo ajuda à Telefónica para evitar que a propriedade passe para a AT&T e o raider mexicano Slim. É a partir deste momento, quase dez anos após a privatização, que o Estado italiano começa a marcar presença na Telecom Italia, nem sempre com métodos respeitosos e virtuosos. Mas o que aconteceu na primeira década do regime liberalizado hoje pouco importa (embora muitos "nostálgicos" dos bons velhos tempos ainda derramem lágrimas mornas). Uma empresa bem administrada, sob olhar atento, responsável – mas também respeitosa – das instituições políticas, e operando em regime virtuoso de regulação, em cerca de dez anos pode voltar a se destacar, recuperando posições perdidas (veja, novamente, a curva de crescimento da T Mobile US que na década 2013-2022 cresceu mais de seis vezes passando de uma pequena startup a campeã nacional e mundial).

Em vez disso, desde 2006 o domínio da política tem se tornado cada vez mais forte sobre a Telecom Italia: o pretexto para a invasão de um grupo industrial privado é representado pelo pedido urgente para desenvolver a rede óptica de acesso, para seguir as indicações europeias (em linha com o outros países da OCDE) para adquirir uma moderna rede de ultra banda larga (BUL). De facto, durante vários anos, até cerca de 2014, a Itália (e, portanto, em particular a Telecom Italia) ficou atrás dos outros grandes Estados-Membros, mas a situação começou a mudar e, de facto, nos anos seguintes, a recuperação é clara: mas o então governo Renzi (2014-2016) não está disposto a reconhecê-lo, com base em avaliações errôneas muitas vezes ditadas por pequenos grupos de stakeholders; de facto, fala-se com insistência e depois procede-se ao redireccionamento de substanciais verbas europeias de outros sectores para os TLC, já destinados às Regiões, para criar cobertura em fibra óptica. Para compreender a dimensão efetiva do erro de avaliação cometido ao retirar do mercado a tarefa de inovação ótica e trazê-la para o canal estatal, basta olhar os dados sob uma perspectiva já “histórica”.

A este respeito, pode ser útil observar o forte crescimento da cobertura BUL italiana de pelo menos 30 Mbps certificado pelo Tribunal de Contas Europeu com base em dados recolhidos pela Comissão Europeia junto de instituições e operadores italianos (Figura 3). Os dados mostram o forte impacto da escolha feita pelo mercado e os bons resultados alcançados, caso único na Europa na época, ou seja, justamente quando o governo italiano lançava uma política bastante intrusiva.

Figura 3: Cobertura BUL @30Mbps em relação à população nos anos 2011-2017 certificada pelo Tribunal de Contas Europeu para a Itália em 2018.

O governo decide, então, implementar um plano estratégico muito agressivo, que logo se mostrará inviável nos tempos e formas previstas. A ingerência no mercado é massiva, com uma política industrial abrangente que desloca o pêndulo das conquistas no campo das iniciativas públicas com objetivos mais desafiadores que os europeus: garantir 100 Mbps a 85% dos cidadãos e 30 Mbps a todos restante da população. A pretensão de resolver um problema que é confiado ao mercado em toda a Europa com uma lógica de planejamento central, levou o governo a fundar, em dezembro de 2015, a Enel Open Fiber SpA, empresa de capital aberto exclusivamente dedicada ao negócio de redes totalmente ópticas (FTTH, fiber-to-the-home) com um modelo "wholesale-only" (ou seja, tipo business-to-business, sem venda direta a clientes finais), e nos meses seguintes lançar concursos públicos para a cobertura BUL das chamadas "áreas brancas" do país, ou seja, áreas artisticamente redefinidas (desafiando as recomendações internacionais) para maximizar a aplicação da definição europeia de falha de mercado, negligenciando culposamente – e, como veremos adiante, desastrosamente – levar em consideração conta a realidade da rede italiana.

A recém-nascida empresa, inicialmente controlada pela Enel, mudou seu nome para Open Fiber em dezembro de 2016 com a entrada no capital social de 50% da Cdp Equity SpA, empresa do Grupo Cassa depositi e prestiti, que ocorreu na mesma época como a incorporação na Enel Open Fiber da Metroweb, empresa especialista em fibra ótica controlada pela Cdp Equity e pelo fundo de infraestruturas F2i, cuja participação é simultaneamente liquidada e que se retira da participação, nem sequer exercendo posteriormente a opção de recompra que lhe estava reservada. Posteriormente, e chegamos aos dias de hoje, a Enel sairá do capital realizando uma interessante mais-valia com a venda das participações ao fundo internacional Macquarie que se compromete a operar minoritariamente em relação à Cdp (60%) que para o efeito exerce a preempção sobre 10% da sociedade.

OS ERROS SE MATERIALIZAM: A EXPERIÊNCIA DESASTROSA DA FIBRA ABERTA

Até o momento, mais de seis anos após o lançamento do plano público, a cobertura de áreas brancas da Open Fiber é bastante incompleta. A partir da análise comparativa entre o andamento das obras divulgado mensalmente pela concedente Infratel Italia, por um lado, e os três convênios firmados pela Open Fiber como concessionária estadual, por outro, há motivos para crer que a concessionária caiu em a violação "essencial" dos termos da lex specialis da concessão que determina a caducidade de jure do título de concessão. Parece, pois, necessário, ainda que muito tardiamente, iniciar uma investigação para apurar a eventual violação. Se esta previsão, baseada na análise de dados publicados regularmente nos últimos anos, se confirmasse, como é provável, seria obviamente um fato muito grave e seria realmente difícil atribuir qualquer responsabilidade apenas à Open Fiber, com um clara “culpa in vigilando” de governos anteriores.

A cobertura de fibra óptica que estava para ser concluída em 2020 – ou seja, dentro de três anos após a assinatura dos três acordos – está agora declarada em cerca de 40% e projeções razoáveis ​​levam-nos a crer que não pode ser concluída no curto prazo (um razoável estimativa aponta para o 1T26, ou seja, nove anos após o lançamento do programa). A esse respeito, basta examinar os relatórios mensais de progresso disponíveis no site da Infratel Italia, disponíveis a partir de março de 2021.

De facto, os dados oficiais dos Municípios testados mostram uma tendência substancialmente linear no crescimento dos Municípios de Fibra entregues e testados. O crescimento médio mensal no período é de 1,4%. A curva de crescimento dos testes é muito provável e pode ser projetada adiante com um bom grau de confiança, pois a causa que determina a tendência de crescimento lento consiste na intensidade quase constante de pessoal e empresas que podem ser recrutadas para realizar obras de canteiro de obras . Esta escassez de recursos humanos já foi várias vezes denunciada e tem-se agravado nos últimos tempos devido a: a) construção de obras para superbônus; b) canteiros de obras do PNRR (não só de telecomunicações); c) escassez de pessoal especializado em instalação de cabos ópticos. Todas as tentativas dos governos anteriores de aumentar o número de trabalhadores esbarraram em sérios problemas para encontrar habilidades.

Porém, não se trata apenas de um problema relacionado ao erro grosseiro de planejamento temporal do plano: há mais e até pior.

A rede pública de fibra exclusivamente grossista confiada à Open Fiber, mesmo que algum dia vejamos o seu fim, será incompleta por concepção, tanto porque não chega aos edifícios (ou seja, não é FTTH) como porque oferece pontos de interligação ( os chamados POPs ou pontos de presença) a operadores retalhistas em número insuficiente e distantes das suas redes. Para a sua concretização seria necessário mobilizar investimentos adicionais que ninguém se deu ao trabalho de calcular e que são, em todo o caso, colossais (muitos mil milhões de euros). Os tempos reais se alongam e, para a eventual rede completa, giram em torno do final da década. Finalmente, a rede não é construída de acordo com os melhores padrões, não é compatível com a arquitetura de rede da Telecom Italia e, portanto, em caso de fusão das duas empresas, corre o risco de ser completamente abandonada.

A Open Fiber também cria sua própria rede óptica nas áreas mais populosas do país, onde a Telecom Italia também já atua há algum tempo: a duplicação de redes em caso de fusão corporativa acarretará o descarte de troncos de rede redundantes. É claro para todos que o "sonho" do governo Renzi e seus consultores em 2015 se estilhaçou contra a realidade da dificuldade de criar uma rede óptica nacional em pouco tempo (apenas três anos) e sem as habilidades necessárias (Open Fiber nasceu como uma startup sem root e é lançada com apenas 400 funcionários).

O ministro Colão do anterior governo, em vez de colocar o problema de como remediar esta experiência, agravou a situação ao confiar a maioria dos lotes do novo projecto público de desenvolvimento da fibra óptica com fundos do PNRR à Open Fiber. Os prazos apertados para a entrega dos projetos do PNRR dão a quase certeza de que os lotes Fibra Aberta infelizmente não serão concluídos a tempo, tendo como consequência a perda de recursos e o pagamento das pesadas multas previstas. Se os governos anteriores, nada menos que cinco, ao longo de duas legislaturas, "enfiaram a cabeça na areia", agora isso não é mais possível. A presente legislatura verá emergir com clareza todas as consequências desastrosas das escolhas alheias.

DEVEMOS NOS LIBERTAR DA UTOPIA DA REDE ÚNICA

Todos os governos que se seguiram desde 2015, cientes da anomalia criada com a criação da Open Fiber, tentaram eliminá-la promovendo uma fusão com a Telecom Italia que ainda está longe de se concretizar e nem mesmo é desejável. É claro que a soma de duas fraquezas não faz uma força (a Cdp deveria declarar o valor da dívida multibilionária da Open Fiber, provavelmente insustentável). De qualquer forma, a Open Fiber deve mudar seu modelo de negócios, lançando finalmente sua própria divisão de varejo, ou seja, vendendo seus produtos para clientes finais como todos os fãs: só assim pode esperar sair de uma profunda crise devido, além dos erros feito, também a baixa rentabilidade do mercado atacadista. Se a CDP proceder a uma reestruturação séria da empresa, poderá colocá-la no mercado como um pequeno OLO à procura de um comprador privado. Naturalmente, muitas das infra-estruturas ineficazes e incompletas até agora construídas e até agora planeadas "no papel" e inviáveis ​​ou não rentáveis ​​devem ser abandonadas para uma racionalização séria do negócio. Isso, finalmente, mais o corte decisivo do nó górdio somente no atacado, fecharia o antigo refrão do CD. "rede única".

Ao mesmo tempo, submetida à concorrência em seu core business e forçada a direcionar os investimentos segundo estratégias nem sempre ditadas por princípios econômicos corretos, mas para não ser prejudicada por um concorrente engenhosamente criado pelo Estado, a própria Telecom Italia vive uma grave crise de que ninguém parece capaz de tirá-la de lá. Os accionistas da Telecom Italia, e a Cdp na vanguarda, deverão rever os planos da empresa para um relançamento que exige, também neste caso, a revisão do modelo de negócio da empresa.

A via principal não é a de separar a rede dos serviços (outra herança do passado a libertar com coragem). Mesmo em dificuldades, como vimos, nenhum operador europeu se aventura neste caminho arriscado, cheio de incógnitas e de graves riscos de sobrevivência.

A tendência atual no mundo telco é, ao contrário, buscar integrações para crescer; nalguns casos do tipo horizontal (como é o caso da T Mobile US que como terceiro operador adquiriu o quarto em 2021 – Sprint Corporation – saltando assim para o primeiro lugar nos EUA e no mundo), noutros casos do tipo vertical tipo (como no caso da AT&T que adquiriu a Time Warner em 2021).

Por que essa é a tendência dos traders de sucesso? Percebemos finalmente que as operadoras de telecomunicações devem se libertar do jugo representado pela mera oferta de conectividade, fixa e/ou móvel, que ao se tornar uma "commodity" não permite o alcance de um equilíbrio econômico sustentável (entre parênteses: este é a razão pela qual os poucos experimentos nacionais de atacado, incluindo Open Fiber, falharam). Hoje a tentativa é de se tornarem empresas "data-driven" (ver Fórum TM, From Telco to TechCo, maio de 2022), certamente sem a pretensão de replicar os modelos OTT, mas em todo caso alavancando na integração rede-serviços ( e, como visto acima no caso da AT&T, às vezes até tentando a aposta de uma maior integração com o conteúdo). As empresas de telecomunicações, portanto, estão finalmente percebendo que, para crescer, devem embarcar em um processo de transformação digital, sem abrir mão da rede. Integração de serviços de rede, novos modelos de negócios, empresa orientada por dados: essas são as palavras de ordem para sair da crise e voltar a crescer.

Desejo que quem assumiu o "dossier" das telecomunicações do nosso país tenha a coragem e a clarividência de abandonar velhos modelos que se revelaram inadequados no terreno e reexaminar este importante sector "com um novo espírito", sem a contribuição da qual uma recuperação estável da nossa economia é impensável.

(O texto é uma reformulação e integração do artigo do presente autor "A liberalização das telecomunicações na Europa: vinte anos depois", publicado no volume Un Ingegnere in Senato: Essays in Honor of Franco Debenedetti, Edizioni IBL, 2023)

[2] Nota: Incluindo os 7 maiores operadores europeus por Market Cap, exceto DT (1.º), nomeadamente: Vodafone (2.º), Orange (3.º), Telefónica (6.º), BT Group (7.º), Telnor (8.º), Telia (10º), KPN (11º), Swisscom (4º), que não está na UE, Cellnex (5º) e torres Vantage (9º) que não estavam listadas em 2013 foram excluídas. A Telecom Italia (TIM) não aparece, pois há muito não está mais entre as principais operadoras europeias.


Esta é uma tradução automática de uma publicação publicada em Start Magazine na URL https://www.startmag.it/innovazione/reti-tim-open-fiber/ em Sun, 19 Feb 2023 06:48:07 +0000.